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Imagem ilustrativa da imagem Encruzilhada humana

Por Mário Sérgio de Melo

Vivemos momento em que a humanidade encontra-se diante de uma encruzilhada: mais de oito bilhões de almas que somos hoje, aprenderemos a conviver com os limites da Mãe Terra e da psicologia humana?

Os sinais que ultraamos os limites da Mãe Terra são muitos: aquecimento global, degradação da camada de ozônio, poluição das águas, esgotamento dos solos cultiváveis, contaminação dos alimentos com agrotóxicos, condições pandêmicas, ilhas flutuantes de plásticos nos oceanos, degradação das florestas, extinção recorde de espécies, são só alguns sintomas. Não só países e governos dão prioridade para a economia e para o poder; muitos indivíduos zombam se alertados que é preciso aprender a cuidar da Terra.

Nunca antes na história do planeta o atributo que nos distingue – a inventividade – assumiu tamanha importância no equilíbrio ambiental e social. Além da superpopulação, novas tecnologias permitem que destruamos o mundo todo. Gastam-se mais recursos para construir armas – capazes de destruir todo o planeta – do que para acabar com a fome, as doenças, a miséria. Enviamos o homem à Lua e sondas mapeiam Marte e Júpiter, mas fracassamos em solucionar conflitos insanos, que levam a segregações, perseguições, guerras e genocídios.

Duas criações do engenho humano são desafios sem precedentes: a comunicação digital e a inteligência artificial. A comunicação digital – que permite o contato global em tempo real – está se mostrando mais útil para a desinformação e o logro que para a difusão do conhecimento e da informação verdadeira. Ela tem sido artimanha usada para manipular o ser humano e convencê-lo a consumir, sejam bens supérfluos, convicções, crenças, preconceitos, ideologias, ódios... Também não sabemos lidar com a inteligência artificial. Ela igualmente, se não soubermos usá-la, poderá, ao invés de ajudar-nos, idiotizar-nos, escravizar-nos ou lesar a criatividade, a originalidade e a identidade humanas. Somos seres íveis de serem condicionados – assim como os cães de Pavlov –, arriscamos ter nossas escolhas dirigidas pela desinformação e pela artificialidade.

Comunicação digital e inteligência artificial não são males sem remédio. Pelo contrário, podem ser bênçãos. Mas, assim como já fazemos com a agricultura, os combustíveis fósseis, a energia nuclear, benesses podem tornar-se fatais. Ter consciência do limite de uso dessas benesses é o desafio maior.

Outro aspecto básico da natureza humana é a religião. Ela, como religação com o divino, que reconforta e inspira, é essencial. Mas as igrejas estão deturpando a religião em doutrinas supremacistas, de prosperidade e dominação. É o Deus celestial sendo trocado pelo deus dinheiro e seu vassalo, o mercado. A religião autêntica, formadora de princípios éticos e solidários, também precisa ser recuperada.

O desafio maior da humanidade é conhecer os limites: do próprio ser humano, da natureza. A euforia, a soberba, a ambição, podem ser devastadoras para a espécie humana. É o momento de encará-las, e superá-las.

Mário Sérgio de Melo é Geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG

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